Apesar das críticas feitas durante a campanha de 2022, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva manteve a mesma prática de seu antecessor, Jair Bolsonaro, em relação aos gastos sigilosos e aos sigilos de 100 anos a documentos governamentais.

Entre 1º de janeiro de 2023 e 20 de dezembro de 2024, o governo Lula negou 3.210 pedidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) com base na justificativa de dados pessoais, um aumento de 8,4% em relação ao governo anterior. Embora o percentual de negativas tenha caído (16,5% na gestão Lula contra 18,08% na gestão Bolsonaro), o número ainda é significativo.

Entre os exemplos de sigilos de 100 anos, destacam-se os documentos relacionados ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que tiveram 702 pedidos negados, correspondendo a 21% das negativas da gestão atual.

A Controladoria-Geral da União (CGU) orientou o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a revisar sua postura, o que pode reduzir o número de negativas no futuro. Além disso, o governo manteve o sigilo sobre a lista de visitantes da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e documentos relacionados ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e aos militares presentes no ataque golpista de 8 de janeiro de 2023.

A justificativa do Planalto é que Janja não tem cargo público, mas especialistas contestam, argumentando que ela desempenha funções públicas.

O governo também anunciou que está elaborando um projeto de lei para encerrar o sigilo de 100 anos, com a expectativa de enviar a proposta ao Congresso até o primeiro semestre de 2025. O novo projeto exigirá que os servidores considerem o interesse público ao negar informações.

Outro ponto de crítica foram os gastos sigilosos com o cartão corporativo, que aumentaram 9% em comparação com o governo passado, totalizando R$ 38,3 milhões. A justificativa foi o aumento das viagens internacionais de Lula. Embora o governo cite a questão de segurança como justificativa, especialistas questionam a generalização do sigilo para todos os gastos, defendendo que isso deveria ser a exceção e não a regra.

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