A Polícia Federal concluiu o inquérito que investigou o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades e adversários políticos durante o governo Bolsonaro. O relatório final pede o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do vereador Carlos Bolsonaro (PL), do Rio de Janeiro, e do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor da agência durante a gestão Bolsonaro.
A investigação revelou a existência de uma estrutura paralela dentro da Abin, que usava um software de geolocalização para monitorar opositores, membros dos Três Poderes, jornalistas, servidores e líderes de movimentos sociais. A PF também apura a ligação entre essa estrutura e a suposta tentativa de golpe de Estado.
Espionagem de inimigos e aliados
A operação que investigou a “Abin paralela” foi conduzida pela Polícia Federal e teve como foco o uso ilegal de um sistema de espionagem chamado FirstMile, adquirido pela agência durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Esse software permitia monitorar, sem autorização judicial, a localização de celulares em tempo real, a partir de antenas de telefonia.
A investigação apontou que uma estrutura clandestina dentro da Abin foi usada para espionar ilegalmente autoridades dos Três Poderes, adversários políticos de Bolsonaro, jornalistas, servidores públicos, aliados e até lideranças de caminhoneiros. O grupo teria atuado com motivação política, buscando preservar o poder do então presidente, de acordo com a PF.
A estrutura teria sido comandada pelo então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, com orientação direta de Bolsonaro. A PF também relaciona o caso com a tentativa de golpe de Estado e a disseminação de desinformação contra o sistema eleitoral.