Com prejuízo acumulado de R$ 2,6 bilhões em 2024 e projeções sombrias para 2025, os Correios prorrogaram até 18 de maio o programa de demissão voluntária. A medida busca evitar que as perdas ultrapassem R$ 3 bilhões no próximo ano. A meta é economizar R$ 1,5 bilhão com cortes de pessoal e redução de custos.

A crise escancara uma oportunidade perdida de privatização, vista por especialistas como solução para modernizar a estatal. Funcionários, que resistiram à venda, são apontados como parte do impasse. O setor postal mudou: a correspondência tradicional perdeu espaço para a logística, onde os Correios enfrentam forte concorrência de Amazon, Mercado Livre e DHL.

Além da demissão voluntária, a estatal pediu que empregados adiem férias de 2025 para 2026 e aceitem redução de jornada com corte proporcional de salário. Com 11,7 mil agências, 25 mil veículos e presença nacional, os Correios lidam com greves, escândalos, déficits e perda de credibilidade. Cerca de 85% das agências operam no vermelho.

O presidente Fabiano Silva dos Santos atribui parte do prejuízo a investimentos de R$ 1,6 bilhão em tecnologia e frota. No entanto, os custos subiram mais de R$ 700 milhões por reajustes salariais e precatórios, enquanto a receita caiu R$ 335 milhões.

A situação piorou com a “taxa das blusinhas”, que reduziu em R$ 2,2 bilhões as receitas com remessas internacionais. A empresa também é alvo de pedidos de investigação no Congresso e pressões por revisão do modelo de negócios.

Enquanto isso, casos como o da DHL mostram que a privatização pode ser viável. A empresa surgiu da antiga Deutsche Bundespost, privatizada nos anos 1990, e hoje é líder mundial em logística, com atuação em 220 países, 550 mil funcionários e faturamento superior a € 60 bilhões.

No Brasil, a privatização esbarra na Constituição, que exige que a União mantenha o serviço postal. Isso exigiria uma PEC. Enquanto o impasse continua, os Correios seguem com prejuízos e baixa produtividade, sem clareza sobre o futuro.

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