Após oito anos, o brutal duplo homicídio que abalou o Córrego Santo Antônio, zona rural de Taparuba, chega à fase final em junho de 2025, quando o Judiciário de Ipanema/MG realizará a audiência de instrução e julgamento. Em 2 de agosto de 2017, o casal de trabalhadores rurais Claudinei Gomes da Silva, 40 anos, e Irene Cardoso de Campos, 35, seguia de motocicleta quando foi emboscado por quatro homens armados.
O filho das vítimas, então adolescente, pedalava logo atrás. Ele viu dois agressores numa moto preta tentarem interceptar o pai; ao acelerar para escapar, dois comparsas ocultos num barraco abriram fogo. Depois que o casal caiu, os autores desceram o barranco e atiraram novamente. O jovem gritou, mas conseguiu se esconder num canavial por cerca de vinte minutos até fugir. Seu relato guiou a investigação.
A Polícia Militar recolheu corpos e vestígios: garrucha calibre .22 e oito munições na cintura de Claudinei, R\$ 3.130,00 que foram entregues ao irmão da vítima, vários projéteis calibre .32, esferas de espingarda e buchas de cartucheira espalhadas pela estrada, além de um estojo calibre .32 dentro do barraco. Já se sabia que Claudinei sofrera atentado em 22 de junho daquele ano, atribuído a um vizinho com histórico violento e comércio clandestino de armas.
Esse vizinho, apontado como mandante, morreu de infarto dias após sua propriedade ser alvo de operação que apreendeu armamento compatível com os projéteis do crime. Permanecem réus dois executores — hoje na faixa dos 35 anos, 27 na data dos fatos — e um terceiro indiciado, primo de um deles, de idade semelhante. Em 2020 a Polícia Civil pediu a prisão preventiva dos três, negada após parecer do Ministério Público; um dos acusados voltou a ser preso anos depois por outro homicídio em Mutum/MG.
A comunidade, que conviveu com medo e silêncio, espera que o júri encerre um ciclo de impunidade. Familiares, vizinhos e testemunhas serão ouvidos, e a decisão promete ecoar em toda a região. Justiça esperada há anos.