A justiça de Minas Gerais deu uma resposta contundente a um caso de agiotagem que chocou a cidade de Aimorés. Pai e filho foram condenados a quase 50 anos de prisão, somando as penas pelos crimes de usura (agiotagem) e extorsão. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou, nesta terça-feira (28), que as sentenças implicam penas de 28 e 21 anos de prisão, além de multas significativas e a obrigatoriedade de indenizar as vítimas.
Entre 2020 e 2023, a dupla usou métodos violentos e intimidadórios para forçar suas vítimas a pagarem dívidas impagáveis, com juros ilegais e abusivos. As vítimas eram constantemente ameaçadas, incluindo casos extremos de violência, como o lançamento de um veículo contra uma delas e ameaças de morte. A situação escalou a tal ponto que até uma criança de nove anos foi alvo de intimidação para garantir o pagamento de dívidas.
As investigações, iniciadas após o pedido de ajuda de uma das vítimas, revelaram um esquema de agiotagem que envolvia exigências de pagamentos ilegais, transferência de imóveis e uma rede de extorsão com mais vítimas. Em um dos casos, uma pessoa pagou R$ 55 mil de juros sobre um empréstimo de apenas R$ 5 mil, e outra, mais de R$ 300 mil.
A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas dos réus, encontrando 598 cheques de diferentes bancos, totalizando mais de R$ 3 milhões. Essa descoberta reforçou a magnitude da operação criminosa. A justiça determinou que os condenados cumpram as penas em regime fechado, com o início imediato da prisão.
Além da condenação criminal, os réus também foram obrigados a pagar uma indenização mínima de R$ 7 mil a duas das vítimas, como forma de reparação pelos danos causados.
A sentença gerou repercussão na região e acende um alerta sobre a necessidade de medidas mais rígidas para combater práticas de agiotagem e seus impactos devastadores nas comunidades. O caso levanta ainda questionamentos sobre a eficácia da fiscalização e da aplicação das leis contra crimes financeiros no Brasil.