A pesquisa da SaferNet revelou um aumento preocupante de 78% nas denúncias de grupos e canais do Telegram contendo imagens de abuso e exploração sexual infantil entre o primeiro e o segundo semestres de 2024. O estudo será apresentado durante o Dia Internacional da Internet Segura no Brasil. Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, destacou que os problemas da plataforma persistem, com riscos sistêmicos que afetam crianças e adolescentes.

O relatório aponta que o número de grupos denunciados subiu 19%, passando de 874 para 1.043, com 349 ainda ativos sem moderação. O total de usuários em grupos com conteúdos ilegais chegou a mais de 2 milhões. Parte dessas imagens é comercializada no Telegram, com pagamentos feitos até em criptomoedas, como “estrelas”, moeda introduzida pela plataforma em junho de 2024. O Telegram, que usa provedores financeiros não registrados no Banco Central, enfrenta críticas por falta de conformidade com a legislação brasileira.

O aplicativo lidera em denúncias de pornografia infantil recebidas pela SaferNet. Apesar de alegar “tolerância zero” e prometer melhorias na moderação com inteligência artificial e denúncias de usuários, a plataforma continua permitindo a circulação de conteúdos ilegais. Em fevereiro, removeu 18.907 grupos relacionados a materiais de abuso infantil, mas Tavares afirma que a moderação ainda é falha, com imagens permanecendo meses no ar.

O Telegram, com sede em Dubai e mais de 950 milhões de usuários ativos, enfrenta pressão para agir com mais rigor. A SaferNet destaca que denúncias podem ser feitas na Central Nacional de Denúncias, além dos próprios aplicativos do Telegram, que possuem botões para reportar conteúdos ilegais. O Disque 100 também deve ser acionado em casos de suspeita de violência sexual contra crianças e adolescentes.

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