O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, negociou delação premiada com a Polícia Federal, solicitando benefícios para si e sua família em troca das informações. O sigilo do acordo foi derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Cid pediu que sua pena não ultrapassasse dois anos, a devolução de bens apreendidos e segurança para sua família. A concessão depende da veracidade das informações.
A delação revelou detalhes da tentativa de golpe e da venda de joias recebidas por Bolsonaro. Entre 2022 e 2023, Cid e seu pai, general Mauro Lourena Cid, repassaram US$ 86 mil (cerca de R$ 489 mil) ao ex-presidente, provenientes da comercialização de relógios e kits de joias nos EUA.
O depoimento também expôs a divisão entre aliados. Flávio Bolsonaro queria que o pai aceitasse a derrota e liderasse a oposição, enquanto Eduardo Bolsonaro integrava o grupo radical que defendia a permanência no poder, mesmo ilegalmente.
Outro ponto foi o uso de dinheiro vivo armazenado em caixas de vinho para financiar ações golpistas. Segundo Cid, ele recebeu valores do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, e repassou a Rafael Martins de Oliveira, um dos articuladores do plano.
Além disso, Cid mencionou pressões de aliados bolsonaristas para revelar detalhes de seus depoimentos. O general Braga Netto e o advogado Fábio Wajngarten tentaram obter informações, o que pode configurar tentativa de intimidação.
Cid afirmou que sua vida girava em torno de Bolsonaro e que seguiu todas as suas ordens. O acordo prevê que ele continue colaborando e se afaste de atividades criminosas. Se descumprir, perderá os benefícios, mas suas declarações seguirão válidas para a Justiça.