Apesar do aumento histórico no comércio com os Estados Unidos, o Brasil terminou o primeiro trimestre de 2025 com prejuízo. Segundo a Amcham Brasil e o Ministério do Desenvolvimento, as trocas entre os dois países somaram US$ 20 bilhões entre janeiro e março — maior valor já registrado no período. Porém, as importações superaram as exportações, gerando um déficit de US$ 654 milhões.
O recorde ocorre no meio da nova onda de tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump. O tarifaço, que incluiu sobretaxas de 10% sobre produtos brasileiros como aço e alumínio, afetou diretamente a competitividade de importantes setores de exportação.
Enquanto o Brasil vendeu US$ 9,65 bilhões para os EUA, comprou US$ 10,3 bilhões, com destaque para bens manufaturados e petróleo bruto. As importações desse petróleo cresceram 78,3%. A maior parte das exportações brasileiras veio da indústria, com destaque para sucos (+74,4%), café (+34%), carne bovina (+111,8%) e aeronaves (+14,9%).
Apesar do bom desempenho de alguns produtos, o saldo negativo preocupa. A Amcham reforçou a importância de manter um ambiente de comércio previsível. Analistas alertam que, se o Brasil continuar a importar mais do que exporta, mesmo com crescimento no volume de trocas, o resultado pode ser um aumento da dependência externa e prejuízos à indústria nacional.
A guerra tarifária também elevou a tensão com outros parceiros comerciais. Trump, que inicialmente anunciou tarifas mais severas, recuou e reduziu as taxas para 10%, mas manteve a ofensiva contra a China, cujos produtos foram taxados em 145%. O cenário global continua instável — e o Brasil, no meio do fogo cruzado, bate recordes, mas leva o prejuízo.