Um relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais aponta uma aliança entre PCC e Comando Vermelho para flexibilizar regras do sistema prisional federal. Segundo o documento obtido pelo Fantástico, advogados das facções articulam estratégias conjuntas para garantir melhores condições aos chefes detidos, incluindo visitas com contato físico.
Gravações autorizadas pela Justiça revelam conversas entre presos e advogados sobre a unificação das defesas jurídicas. O relatório menciona que o PCC estaria coletando assinaturas para um abaixo-assinado visando mudanças nas normas carcerárias. Em uma interceptação, Marcola, líder do PCC, questiona: “Eles vão fazer então um abaixo-assinado com 1 milhão e 600 mil assinaturas?”
O sistema penitenciário federal impõe isolamento rigoroso, sem acesso a mídia ou internet, permitindo apenas duas horas diárias de banho de sol. Para o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, essas medidas são essenciais para evitar a comunicação entre criminosos. O coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques, destaca que o Brasil tem mais de 70 facções criminosas identificadas, tornando o desafio do Estado ainda maior.
O relatório também sugere que a aliança pode extrapolar a esfera jurídica. Mensagens atribuídas às facções indicam uma trégua nacional, proibindo assassinatos e ataques entre PCC e CV desde o dia 11 deste mês. O promotor Lincoln Gakiya, especialista no PCC, confirma que essa trégua já ocorre em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro e alerta para um possível fortalecimento do tráfico internacional de drogas e armas.
As investigações seguem para verificar a autenticidade das mensagens e os impactos dessa aliança no crime organizado.