O uso indiscriminado da tadalafila, medicamento indicado para tratar disfunção erétil, tem extrapolado os consultórios médicos e ganhado espaço entre jovens e praticantes de atividade física como um suposto “estimulante” para treinos. Vendido livremente nas farmácias brasileiras, sem necessidade de receita médica, o remédio tem sido consumido até mesmo como pré-treino, com a falsa promessa de melhorar o desempenho físico e sexual — uma prática que especialistas consideram perigosa e sem respaldo científico.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Dr. Luiz Otávio Torres, o uso do medicamento por pessoas que não apresentam qualquer disfunção erétil é um grave erro. “Tadalafila não é para quem tem ereção normal, nem para melhorar disposição ou ganho muscular. Essa automedicação desnecessária pode causar dependência psicológica e trazer riscos à saúde”, alerta o médico.
Entre os principais riscos estão efeitos colaterais como dores de cabeça, vermelhidão no rosto, desconforto muscular, congestão nasal e até interações perigosas com outros medicamentos — especialmente aqueles usados por pessoas com problemas cardíacos, como os nitratos. A associação pode provocar queda acentuada da pressão arterial, levando a desmaios ou complicações mais graves.
A facilidade de acesso ao medicamento no Brasil, ao contrário do que ocorre em países como Estados Unidos e nações da Europa, contribui para esse uso indiscriminado. Em 2024, mais de 64 milhões de unidades foram vendidas no país, um aumento exponencial nos últimos dez anos. Para especialistas, o crescimento nas vendas não reflete apenas casos reais de disfunção erétil, mas sim uma busca inadequada por desempenho, autoconfiança e resultados estéticos.
A recomendação dos especialistas é clara: nunca usar tadalafila sem avaliação médica. “Desempenho físico e sexual se conquista com saúde, não com automedicação”, conclui o urologista.