A histórica Ponte Queimada, que liga Pingo D’Água e Marliéria, na divisa com o Parque Estadual do Rio Doce (Perd), será restaurada. O governo federal destinou R\$ 1,160 milhão para a obra, que também gera preocupações ambientais. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) emitiu duas recomendações para garantir a proteção do parque.
Com cerca de 200 metros, a ponte é essencial no acesso ao parque, auxiliando operações de resgate e combate a incêndios. Sua construção remonta aos séculos XVIII ou XIX e foi reconstruída na década de 1930, preservando pilares de concreto, ferro e piso de madeira. O local atrai turistas, mas está interditado desde agosto de 2023, quando um incêndio destruiu 10 metros da estrutura.
O MPMG alerta que a reforma não pode colocar em risco o ecossistema. As promotoras Bruna Bodoni Faccioli e Mariana Cristina Pereira Melo destacam que o Perd, criado em 1944, abriga o maior remanescente de Mata Atlântica em Minas, sendo Sítio Ramsar e núcleo da Reserva da Biosfera, com espécies ameaçadas como onça-pintada, sagui-caveirinha e muriqui-do-norte.
A primeira recomendação é ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), exigindo uma estrutura de fiscalização na ponte — guarita, posto ou monitoramento eletrônico —, para controlar o acesso de veículos e pessoas, conforme o Plano de Manejo do Perd. O IEF tem 30 dias para apresentar o cronograma de execução.
A segunda recomendação é à Prefeitura de Marliéria, responsável pela obra. O município deve impedir a reabertura irrestrita da Estrada do Salão Dourado, colaborar no controle de acesso e cumprir rigorosamente as normas ambientais, incluindo gestão de resíduos, restrição de veículos pesados e ações de educação ambiental.
O Ministério Público fixou prazo de 20 dias para que tanto o IEF quanto a prefeitura informem sobre o cumprimento das medidas recomendadas.